Após um evento como esse, não tem como abordar outro assunto aqui no blog.
Uma tragédia para o patrimônio cultural mundial ocorreu na noite de ontem, então eu não podia deixar de comentar o assunto.
Poucas palavras expressam claramente o sentimento individual e coletivo sobre o assunto, e até mesmo os informes oficiais são sucintos e carregados de emoção. O incêndio da catedral de Notre-Dame de Paris é uma grande perda para o país e para o mundo.
Eu pessoalmente sou um ávido visitante de Igrejas, museus e teatros e busco apreciar ao máximo o que a história humana desenvolveu e deixou como legado. Uma grande tristeza recai sobre todos os que entendem a importância de se conhecer e manter viva a história, os registros, relatos e elementos que compõem o que é um dos epicentros culturais do mundo ocidental.
É com muita tristeza que vamos falar do incêndio do dia 15 de Abril de 2019 na Igreja Notre-Dame de Paris.
Eu decidi escrever rapidamente um resumo de imprensa trazendo alguns artigos interessantes com mídia para abordar em aulas de francês sobre o assunto, como sempre tentando variar entre os diferentes níveis de dificuldade da língua.
É Coração de Paris que está sangrando
A manchete da reportagem da manhã seguinte no Le Monde traz relatos e expressões de entrevistados, com um enfoque sério mas positivo sobre a tragédia.
Entre os sentimentos avivados pelo acontecimento, estão a tristeza de perder um monumento que é tão parte do dia-a-dia parisiense que alguns dizem que é “como perder um amigo próximo”, sem perder de vista que a catedral já superou várias passagens históricas críticas – Paris foi tomada sucessivamente durante Guerras e foi o centro da Revolução.
Não faltam mensagens de agradecimentos aos bombeiros e outras figuras envolvidas em apagar o incêndio e manter a segurança da região.
Notre-Dame observa há 850 anos a história da França
A fatalidade se deu sobre um monumento com mais de 850 anos, uma das mais importantes Igrejas góticas da Europa. É uma construção que testemunha a história da França desde a Idade Média, e foi palco de vários momentos chave da história francesa e européia.
Este artigo traz informações sobre o evento e traça uma parte deles mostrando o quanto Notre-Dame é quase onipresente na história do país.
Guillaume Gallienne lê “Notre-Dame de Paris”
A Igreja não é apenas um marco histórico, ela é literatura, é música, é arte, ela é um grande marco no imaginário francês. É o marco zero da cidade, e foi em volta dela que aconteceram epidemias e casamentos reais, contos sombrios e comédias românticas.
Para quem gosta de literatura, ou então que acredita em textos premonitórios, o autor francês Victor Hugo descreveu a cena em seu romance “Notre Dame de Paris” (que deu origem ao filme O Corcunda de Notre Dame).
O texto é lúgubre e um pouco triste, mas completamente alinhado com a tristeza e a imagem mórbida do incêndio.
É um bom vídeo para aulas de francês entre intermediário e avançado.
O que conseguiram salvar?
Esse artigo traz, em imagens, algumas das riquezas históricas e elementos da arquitetura e patrimônio da Igreja que foram salvos ou não, com explicações.
Para quem se interessa por essa área de patrimônio sacro ou simplesmente quer melhorar o vocabulário com novos termos ligados à cultura cristã, é um bom artigo que ajudará com certeza a entender melhor durante uma visita, seja a Paris ou a qualquer outra Igreja.
Anúncio do Presidente
Ainda ontem a noite, o presidente Emmanuel Macron fez um pronunciamento oficial sobre o evento, um discurso bastante emotivo, marcando o compromisso da França com a reconstrução do monumento.
No discurso ele faz um apelo aos “maiores talentos”, para que venham em suporte, e indica que uma campanha de coleta de fundos será iniciada assim que possível.
É um apelo para salvar aquilo que, nas palavras do presidente, é mais do que apenas um monumento.
Notre Dame de Paris é nossa história, nossa literatura, nosso imaginário.
Foi nela que vivemos todos nossos grandes momentos. As epidemias, as guerras, as liberações. É o epicentro das nossas vidas. É o marco zero das distâncias. São tantos livros, tantas pinturas.
A imposição de voz dele é clara, e o texto não é muito complexo. Vale a pena tentar pelo menos ouvir para captar a sonoridade e o tom.
Não deixem de comentar nos posts ou lá no Twitter se esse post for útil, e se ajudou a ter uma pouco mais de fontes para abordar o assunto no idioma original.
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